Atualizado em 5.9.25 às 20h37 |
semana chega ao fim marcada pela crescente pressão em torno da anistia aos réus por tentativa violenta de golpe de Estado do 8 de Janeiro, com o Congresso intensificando as discussões antes da votação prevista para as próximas duas semanas. A polêmica atual gira em torno do formato da medida: se será uma versão “light”, com redução de penas, ou “ampla, geral e irrestrita”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém resistência, mas o Centrão e a oposição, sob a liderança de Tarcísio de Freitas — pré-candidato da Faria Lima e do bloco em 2026 —, afirmam ter votos suficientes inclusive para um perdão mais abrangente. Confira nossa seleção e não se perca no turbilhão da conjuntura:
Abaixo, a legenda para avaliação de risco político:
⬆️ Positivo para o governo Lula
⬇️ Negativo para o governo Lula
🟠 Neutro/Atenção
(Ricardo Stuckert)
⬇️ Escalada geopolítica na América do Sul
O Brasil não tomará lado no conflito entre Estados Unidos e Venezuela, e ficará "do lado em que sempre esteve: do lado da paz”, segundo o presidente Lula, em entrevista ao SBT nesta sexta-feira, sinalizando que não se intrometerá na tensão. A crise entre os dois países pode escalar após um ataque americano a uma embarcação acusada de transportar drogas, seguido de uma sobrevoo de jatos militares venezuelanos a navios de guerra dos EUA, o que foi considerado uma provocação. Já o presidente americano, Donald Trump, falando sobre o tarifaço contra o Brasil, chamou o governo Lula de "esquerda radical". "Estamos muito chateados com o Brasil, aplicamos tarifas muito altas porque eles estão fazendo uma coisa infeliz", afirmou Trump, em entrevista no Salão Oval da Casa Branca, também nesta sexta, evidenciando que pode apertar o cerco ao País, em meio ao avanço do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os EUA consideram limitar a delegação brasileira para os 80 anos das Nações Unidas.
⬆️ Paz na caserna
As Forças Armadas brasileiras respeitarão o veredito do julgamento de Bolsonaro, conforme o ministro da Defesa, Múcio Monteiro, afastando, por ora, uma instabilidade no meio. O assessor para assuntos internacionais do governo Lula, Celso Amorim, afirmou que o Brasil está aberto à cooperação militar com a China, mas um alinhamento geopolítico é rejeitado por alas relevantes do oficialato, de acordo com especialistas no tema.
⬇️ EUA recomendam lobby por anistia
O vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, recebeu em Washington o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, o embaixador Roberto Azevêdo e o CEO da Amcham, Abrão Neto, que buscavam negociar a retirada das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo fontes americanas, a reunião foi “franca”: os diplomatas afirmaram estar abertos ao diálogo, mas ressaltaram que as tarifas têm caráter político e que a pressão deveria ser feita em Brasília, e não em Washington.
⬇️ Anistia "light" vs. anistia ampla
Embora o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, defenda uma proposta de anistia que apenas reduza penas, sem incluir figuras de maior peso político, líderes do Centrão e da oposição afirmam já ter votos suficientes para aprovar um perdão amplo, mas sem reverter a inelegibilidade de Bolsonaro, consolidando assim a candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Ele esteve em Brasília para liderar a articulação. No Supremo Tribunal Federal (STF) e no governo Lula, cresce a percepção de que a anistia ganhou força e que Tarcísio busca usá-la para unificar o Centrão em torno de si e responder às críticas de setores bolsonaristas à sua liderança.
⬇️ Os 300 da anistia
Em jantar no Palácio dos Bandeirantes, nesta quarta-feira, Freitas previu que o projeto de anistia será aprovado pela Câmara e pelo Senado ainda neste ano. O encontro contou com a presença do líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante, e do pastor Silas Malafaia, que avaliaram que a proposta deve obter mais de 300 votos entre os deputados, o que tornaria inevitável a sua confirmação pelo Senado.
🟠 Risco tiro no pé?
Analistas ouvidos pelo Globo avaliam que a aposta na anistia é politicamente arriscada, pois pode alimentar o “sonho da esquerda” de, em uma eventual campanha contra Lula em 2026, associar seus adversários à imagem de extremistas coniventes com golpes de Estado e interferência estrangeira.
⬆️ Dias de luta, dias de glória
O presidente Lula reconheceu nesta quinta-feira que a proposta de anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro pode ser aprovada no Congresso. Em transmissão pelo Instagram com comunicadores e ativistas, ele destacou a força da extrema-direita no Legislativo e defendeu que a resistência à medida seja também uma mobilização popular.
⬆️ Sem acordão
O presidente Lula reforçou a Alcolumbre sua posição contrária a qualquer proposta de anistia e fez questão de afirmar que, em sua visão, um perdão aos responsáveis pelo 8 de Janeiro representa uma ameaça à democracia e à soberania nacional.
⬆️ Não foi bem assim...
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, negou ter defendido a anistia a Bolsonaro e afirmou que não antecipa votos. Sua fala sobre o tema, no entanto, passou a ser usada por bolsonaristas nas redes sociais para sustentar a narrativa de que, mesmo condenado pelo STF por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente não seria preso devido à aprovação de um perdão pelo Congresso.
⬆️ Queimação
A argumentação apresentada pelos advogados do general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, no STF irritou aliados de Bolsonaro. A defesa sustentou que o militar tentou dissuadir o então presidente de adotar medidas de exceção, colocando Bolsonaro no centro da tentativa de golpe após a derrota de 2022.
⬇️ "Me mira, mas me erra"
O Banco do Brasil está avaliando medidas de contingência diante da possibilidade de novas sanções dos EUA sob a Lei Magnitsky, aplicada recentemente contra o ministro Alexandre de Moraes. Fontes afirmam que o banco consultou escritórios de advocacia nos EUA e considera redirecionar transações em dólar atualmente processadas em Nova York e Miami para outras localidades no exterior — sem decisão final tomada ainda — enquanto busca entender melhor os riscos legais e operacionais por meio de orientação jurídica e diálogo com o governo brasileiro