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Tarcísio-Bolsonaro flopa; Stuhlberger descarta "rally Tarcísio"


| Por: Leopoldo Vieira |

A reunião entre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o ex-presidente Jair Bolsonaro resultou, já nesta segunda-feira, em uma derrota antecipada para o campo do centro e da direita. O megainvestidor Luiz Stuhlberger, considerado o “rei da Faria Lima”, descartou a possibilidade de valorização da bolsa brasileira com a definição de uma candidatura presidencial contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva — o chamado “rally Tarcísio”. Em vez disso, sugeriu um acordo informal com o Palácio do Planalto, baseado na troca do salário mínimo pelo IPCA, índice oficial da inflação no Brasil, como parâmetro de reajuste dos benefícios da Previdência Social. Até então, o mercado financeiro trabalhava com a hipótese de uma “mudança de regime” favorável a seus interesses, liderada por uma centro-direita unificada em torno do governador paulista.

“Imagine que você está na noite em que o Lula ganhou [a reeleição] e ele fala: ‘estou convencido de que a Previdência vai subir pelo IPCA e não pelo salário mínimo’. Basta falar isso, que os mercados se acalmam” , afirmou Stuhlberger, em evento do Itaú BBA. “Mas o que eu não faço é comprar o rally Tarcísio. Tendo um nome [de consenso na direita], não acho que terá um rally. Será, de qualquer forma, uma eleição muito acirrada”, prosseguiu.


(Bloomberg Línea/Reprodução)

O gestor do lendário Fundo Verde também avaliou como equilibradas em 50%-50% as chances entre a reeleição de Lula e uma vitória da oposição, em uma disputa que tende a ser das mais polarizadas das últimas décadas, nos moldes de Dilma Rousseff vs. Aécio Neves em 2014. Stuhlberger projetou ainda uma forte desvalorização do dólar nos próximos anos, impulsionada pela queda dos juros nos Estados Unidos e pela busca global por ativos reais. Ele próprio vem direcionando investimentos para ouro, criptomoedas e para a moeda chinesa, o yuan.

Após o encontro com Bolsonaro, Tarcísio indicou que, por ora, não há acordo para o ex-presidente declarar publicamente apoio à sua candidatura ao Planalto, tampouco para endossar a negociação que reduziria suas penas em troca da manutenção da prisão domiciliar — tratativa que vinha sendo conduzida pelo Centrão. Assim, o governador sinalizou que deve priorizar sua reeleição ao Palácio dos Bandeirantes, o que tende a acirrar a disputa no campo do centro e da direita e, eventualmente, abrir espaço para a ascensão de um outsider sustentado pelo espólio do bolsonarismo.

Nesse cenário, o presidente Lula inicia mais uma semana com tração, com a tramitação da reforma do Imposto de Renda (IR) e os últimos ajustes para o encontro com o presidente americano, Donald Trump. Já o Centrão acumula novo revés como bloco dirigente de um Legislativo desgastado e mal avaliado pela opinião pública, enquanto o bolsonarismo, isolado, ganha tempo.