| Por: Ruth Vieira |
O criador do Chat GPT Sam Altman, o CEO da OpenAI, disse em uma entrevista na semana passada, que tem uma “profunda preocupação” sobre o impacto da IA no mercado de trabalho e identificou algumas profissões que podem entrar numa linha de frente da disrupção. Pergunto eu: houve uma crise ética, de consciência, fez autocrítica, mea culpa, ou o quê?
Era uma vez um programador que criou uma IA... e foi demitido por ela. Ironia? Não, só o novo normal. Call centers, tradutores, até aquele primo que fazia sites em HTML — todos substituídos por algoritmos que não pedem aumento, não reclamam da chefia e ainda trabalham 24h, sem café.
Enquanto isso, as gerações Z, Alfa e a recente Beta já não sabem mais o que é decorar a tabuada. Tudo está a um “copiar e colar” de distância. Memória virou item de museu, e leitura? Só se for legenda de TikTok. Estudar pra quê, se a IA faz o trabalho, o resumo e ainda escreve a redação com nota mil?
O desemprego já começa a bater à porta com um currículo impecável: global, em massa e sem previsão de saída. E quando o povo perceber que foi trocado por um chip, a revolta vai vir com Wi-Fi e senha compartilhada.
E nas relações amorosas, já começou... o cenário é ainda mais Black Mirror. Casais onde um é humano e o outro... um assistente virtual com voz sedutora e paciência infinita. Adeus DRs, olá atualizações de sistema. A solidão nunca foi tão bem acompanhada.
E os sonhos? A arte? A cultura? Estão sendo engolidos por prompts e algoritmos que pintam quadros, compõem músicas e escrevem poemas — tudo sem nunca ter chorado por amor ou sentido cheiro de chuva. E o pior, tudo vomitado pela pirataria intelectual que “chupou” textos, ideias, elocubrações, fórmulas, teses e poemas desde a existência do humanoide, nada criado pela IA, mas ‘absorvido” por ela...
Mas calma, nem tudo está perdido. A IA ainda não sabe fazer pão com afeto, cuidar das pessoas com carinho, nem substituir aquele professor que muda vidas com um olhar, com um poema. Profissões que exigem alma, tato, improviso e discernimento ainda irão resistir por mais tempo.
Nós, humanos de carne, osso e sentimentos, precisamos começar a despertar e ter atitudes mais críticas em relação ao uso de IA. Parar de ser um consumidor voraz e alienado, bater palmas para tudo o que vem de novidade da Revolução Industrial 4.0, como a Inteligência Artificial. Lembre-se sempre que, antes de pedir ajuda à IA para escrever sua carta de demissão, o que talvez nos torne insubstituíveis seja justamente aquilo que ela nunca vai entender — ser humano.