Um acordo para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível, mas livre da Papuda — como antecipamos eu e o Machado da Costa — pode ser concluído nesta semana, em troca da declaração de apoio à candidatura Tarcísio de Freitas ao Palácio do Planalto, nome apoiado pelo establishment político-econômico contra a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026 — é o que sugerem reportagens da CNN Brasil e da Folha de São Paulo na tarde desta segunda-feira.
(Acervo/PR)
Tarcísio, que cancelou sua vinda a Brasília para articular a anistia no Congresso, avalia que não há mais viabilidade em uma medida "ampla, geral e irrestrita". Apesar da cobrança por pautar o projeto, um texto que reduza penas dos condenados por tentativa de golpe e assegure a prisão domiciliar a Bolsonaro é a principal opção na mesa do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta. Porém, segue no radar uma versão que perdoe Bolsonaro criminalmente, mas mantenha sua inelegibilidade, enquanto outros chefes do Parlamento dizem aguardar a intensidade da reação da Casa Branca. Um anúncio deve ocorrer na próxima semana*.
Motta tenta ganhar tempo para encontrar uma solução que envolva o Supremo Tribunal Federal (STF), que descarta um perdão expandido. Neste sentido, deputados do Centrão afirmam ter votos suficientes a favor de uma nova urgência, mas com desfecho agora incerto no Plenário.
O governador de São Paulo solicitou ao ministro Alexandre de Moraes uma visita a Bolsonaro nesta terça-feira, quando o colégio de líderes da Câmara definirá a agenda da semana. Em paralelo, a defesa do ex-presidente pediu ao STF, sem data certa, autorização para receber o relator da proposta original de anistia, deputado Rodrigo Valadares.
Nestes encontros, pode acontecer tudo, inclusive um acordo que beneficie a estabilidade, em meio à tendência de redução dos juros brasileiros já no horizonte — o que deve a favorecer o isolamento do extremismo político, na visão de analistas. Contudo, não se pode descartar que os movimentos terminem intensificando a disputa no campo do centro e da direita, renovando tensões do atual contexto.
* Atualizada após a manifestação do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.