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COP30: Bancos abandonam aliança climática, Amazônia reage

A Net-Zero Banking Alliance (NZBA), maior aliança climática global para bancos, suspendeu suas atividades e colocou em votação sua própria dissolução após um êxodo de instituições financeiras liderado por Wall Street, intensificado com a volta de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos. Uma crise que reflete na COP30 e no desenvolvimento da Amazônia, segundo especialistas.

Criada em 2021 para alinhar o setor bancário à meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC, a NZBA já havia flexibilizado suas exigências neste ano ao retirar a obrigação de que os membros ajustassem seus financiamentos à transição climática. Mesmo assim, gigantes como Goldman Sachs (GS – NYSE), HSBC (HSBC), Barclays (BCS), UBS (UBS), Morgan Stanley (MS), Citigroup (C), Bank of America (BAC) e BNP Paribas (BNPQY – OTC/US) abandonaram o grupo. Agora, restam poucos signatários e a proposta em análise é transformar a aliança em um simples órgão consultivo, sem membros ativos. O resultado será anunciado no fim do próximo mês.

O colapso da NZBA fragiliza o financiamento internacional da transição energética e expõe o retrocesso da governança climática global em meio à ascensão de governos hostis às agendas ambientais. Para a COP30, em Belém, o episódio acende um alerta: sem pressão coordenada sobre o sistema financeiro, o encontro pode ter dificuldade de mobilizar recursos para que países em desenvolvimento executem planos de descarbonização, como os voltados à Amazônia.


(MGN Consultoria)

ECONOMIA LOCAL

Enquanto isso, a indústria do estado do Pará realizou a EcoAmazon Brasil COP 30 para promover a bioeconomia e incentivar empresas a se inserirem no mercado mundial, ampliando as exportações e estabelecendo parcerias em setores como biojoias, moda sustentável, alimentação e bebidas.

Segundo o portal Amazônia Mais, a Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) está de olho em contribuir significativamente para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) e promover uma interação benéfica com a biodiversidade da Amazônia, em colaboração com a Rede Brasileira de Centros Internacionais de Negócios (CIN), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). 

Os investidores e empresários paraenses consideram a COP30 uma oportunidade única para a realização de grandes negócios na região, razão pela qual, durante EcoAmazon Brasil COP 30, houve uma rodada de negócios com compradores de 10 países. O foco foi agregar renda, gerar empregos e melhorar a qualidade de vida, sobretudo com incentivo às micro, pequenas e médias empresas, além de compor uma vitrine global para a economia da Amazônia.

SEM AMAZÔNIA, SEM FUTURO

Para Ima Vieira, doutora em Ecologia pela Universidade de Stirling (Reino Unido) e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), o que se vê é um retrato perfeito da contradição do nosso tempo. "Enquanto os grandes bancos internacionais fogem das suas responsabilidades climáticas com a desculpa de mudanças políticas, é a Amazônia que está mostrando o caminho", afirmou à Idealpolitik. 

Segundo a pesquisadora do Museu Goeldi, "o mundo precisa entender que sem a Amazônia de pé, não tem futuro para ninguém”. Para isso, é importante ouvir a mensagem do Papa Francisco, na abertura do Sínodo da Amazônia, onde Vieira foi perita: uma aproximação com os povos amazônicos deve ser "na ponta dos pés, respeitando sua história, sua cultura, seu estilo de bem viver." 

A crise da NZBA e a EcoAmazon Brasil COP30 revelam que o sucesso da conferência em Belém dependerá não apenas da diplomacia climática, mas também da capacidade de conectar as agendas globais de financiamento — hoje fragilizadas — com iniciativas concretas nos territórios que concentram a maior biodiversidade do planeta. A COP30, portanto, será o ponto de encontro entre o risco do retrocesso internacional e a oportunidade de afirmar a região como protagonista de um novo modelo econômico sustentável. 


(Ima Vieira/Acervo pessoal)