O presidente americano, Donald Trump, voltou a acusar o Brasil de perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro, ao comentar nesta tarde o tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao País, reforçando o caráter político do impasse nas negociações comerciais.
"O Brasil tem algumas leis muito ruins acontecendo. Quando eles pegam um presidente e o colocam na prisão, ou tentam prendê-lo (...) isso é realmente uma execução política contra Bolsonaro", afirmou Trump.
Na mesma fala, o republicano criticou a política tarifária brasileira, reposicionando o argumento anterior de que o Brasil levava vantagem na relação comercial com os EUA.
"Eles cobram tarifas enormes e tornaram tudo muito difícil de fazer. Então, agora estão sendo cobrados 50% de tarifas, e não estão felizes, mas é assim que funciona", disparou, dobrando a aposta no seu “big stick".
Em Washington, o deputado Eduardo Bolsonaro complementou a posição de Trump em entrevista à Reuters. Segundo ele, novas tarifas contra o Brasil estão a caminho, “porque as autoridades brasileiras não mudaram seus comportamentos”, e o País não conseguirá reduzir as sobretaxas “sem concessões por parte do STF” nos processos contra seu pai.
(IPK)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu negando que o Brasil “ficará de joelhos”. Para Lula, “a democracia está julgando Bolsonaro” e, caso a invasão do Capitólio tivesse ocorrido no Brasil, o então presidente americano “seria julgado e possivelmente preso”.
“O que o Trump está preocupado é que, vocês estão lembrados, o discurso dele é igual ao do outro daqui: que as eleições não eram sérias, que não podia perder. Ele invadiu o Capitólio, morreram cinco pessoas”, contra-atacou o petista.
Segundo analistas políticos, o ataque frontal e assertivo de Trump faz parte de uma estratégia deliberada para provocar Lula e colocá-lo em rota de colisão com investidores, empresários e políticos que consideram essa postura um entrave a um entendimento com Washington. A armadilha residiria justamente na dificuldade de o presidente brasileiro deixar de responder, diante do potencial eleitoral da oposição ao tarifaço e da carga ideológica envolvida.
O presidente nacional do PSD e secretário de Governo de São Paulo, Gilberto Kassab, considerado uma espécie de "mago de Brasília" e farol do centrismo, declarou nesta quinta-feira que não vê impedimento em debater a inclusão de Bolsonaro no projeto de anistia defendido por parlamentares bolsonaristas, mas deixou claro que não apoia uma medida “ampla, geral e irrestrita”, ressaltando que qualquer acordo deve ser fruto de negociações no Legislativo com foco na pacificação do país.
No mercado doméstico, o tiro de Trump, a fala de Eduardo Bolsonaro, a previsão de um déficit de cerca de R$ 10 bilhões em relação à meta fiscal no pacote de apoio aos exportadores brasileiros aos EUA e sinais de desaceleração da economia brasileira contribuíram para a queda de 0,24% no Ibovespa, que fechou a 136.355,78 pontos. O dólar avançou 0,32%, a R$ 5,418, enquanto os juros futuros subiram em toda a curva.