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Feed da Semana

Olá, esta é a nossa seleção com os principais movimentos políticos que devem impactar a semana, com foco no risco político ao governo Lula, nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além da economia e contexto internacional – 24 a 30 de agosto de 2025. Boa leitura (e não se perca na conjuntura).

Abaixo, a legenda para avaliação de risco político:

⬆️ Positivo para o governo Lula

⬇️ Negativo para o governo Lula

🟠 Neutro/Atenção

⬆️ Prisão estabilizadora
Pesquisas desta semana reforçam a percepção de que Bolsonaro continua sendo um fator central de polarização no cenário político. Quaest e Paraná Pesquisas apontam que a maioria dos brasileiros reconhece a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro na tentativa de golpe de Estado em 2022/2023, sendo que 55% apoiam sua prisão domiciliar. Ela deve ser mantida até o fim de seu julgamento, que pode se prolongar devido aos recursos permitidos. Além disso, 57% acreditam que Bolsonaro fez uma chamada de vídeo para provocar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto a aplicação da Lei Magnitsky contra o magistrado, uma aberração segundo a Transparência Internacional, é vista como injusta por 49% e justa por 39%. 

⬆️ Lula em vantagem
Paralelamente, há nova melhora nos índices do governo Luiz Inácio Lula da Silva, com a desaprovação caindo para 53,6% e a aprovação subindo para 42,9%. No campo eleitoral, o presidente venceria o governador de São Paulo e pré-candidato do Centrão, Tarcísio de Freitas, em eventual primeiro turno. Lula parece em empate técnico contra Bolsonaro, sua esposa Michelle e o próprio Tarcísio em segundo turno, indicando um ambiente de disputa aberta para 2026, ainda com leve favoritismo do petista, conforme analistas políticos de grandes investidores.

⬆️ Juros e dólar mais baixos
Favorecendo a reeleição de Lula, passou de 4,95% para 4,86% este ano a previsão de inflação do mercado financeiro para este ano, na décima terceira redução seguida na estimativa, segundo o Boletim Focus desta segunda-feira. No mesmo sentido, um movimento para a queda da Selic foi reforçado pela possível redução dos juros pelo Federal Reserve (FED) a partir de setembro. O a bolsa teve alta de 2,6% e o dólar caiu 1%, em R$ 5,42, na sexta, após anúncio do presidente do banco central americano, Jerome Powell. O dólar pode cair para R$ 5,10 em seis meses, conforme relatórios do banco Goldman Sachs, convergindo num cenário promissor ao Palácio do Planalto


(Cristiano Mariz)

🟠 Bolsonaro que manda
Somente o presidente americano, Donald Trump, pode bancar a reabilitação de Bolsonaro, disse o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, sem criticar a articulação do deputado Eduardo Bolsonaro com a Casa Branca, a investidores e empresários nesta segunda. Alinhado com o ex-presidente, ele também falou que o PL deve ter candidato próprio ao Planalto em 2026. Sugerindo um condicionante para apoio, o partido já convidou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos, a se filiar, mas ele resiste. Analistas preveem um divórcio na direita em virtude da necessidade do Centrão em preservar os votos de Bolsonaro vs. a liderança centralizadora que este exerce no espectro político. Cogita-se que o PL lance o senador Flavio Bolsonaro se o pai dele não puder mesmo concorrer.

⬆️ Emendas na mira
O ministro do STF, Flávio Dino, determinou neste domingo que a Polícia Federal (PF) investigue o destino de cerca de R$ 695 milhões em “emendas Pix” repassadas a estados e municípios sem registro de plano de trabalho entre 2020 e 2024, com prioridade aos repasses ligados ao Ministério da Saúde. É mais um capítulo da tensão entre o Judiciário e o Congresso em torno da transparência no uso de recursos públicos, no contexto de um disfuncional controle do orçamento federal pelo Legislativo, na avaliação de especialistas. Por isso, o pagamento mais célere ou moroso das emendas passou a impactar pouco na governabilidade parlamentar, conforme alguns cientistas políticos. O presidente nacional do PT, Edinho Silva, falou para dirigentes petistas que disputará "até o fim" o apoio de legendas do Centrão para a reeleição de Lula.

⬇️ Alívio para super ricos
Congresso prepara bomba fiscal contra o governo Lula na votação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, cuja urgência em Plenário já foi aprovada, mas a data depende do colégio de líderes que se reunirá nesta terça. Centrão e oposição planejam derrubar medidas compensatórias, como a taxação de grandes fortunas, um imposto gradual para pessoas físicas com renda acima de R$ 600 mil por ano, a cobrança de IR sobre lucros e dividendos a partir de R$ 50 mil mensais e a tributação de 10% sobre dividendos enviados para o exterior, deixando o Planalto com dificuldades para fechar as contas e garantir a meta fiscal exigida pelo mercado. O texto é relatado pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, uma das principais lideranças do Centrão, pai do "orçamento secreto" e fiador da aprovação da autonomia do Banco Central, no governo Bolsonaro. O movimento pode ser visto como claramente desestabilizador.

⬆️ A hora do troco
O cálculo de lideranças do Centrão é que não haverá constrangimento por parte de parlamentares em votar contra aumento de impostos, mesmo que para os super ricos. No Senado, o clima é parecido. A pauta bomba tem sido gestada após o Congresso detectar que a narrativa de justiça tributária do governo Lula desgastou a imagem do Parlamento, cujo ápice da crise se deu com a derrubada do decreto presidencial que aumentava o imposto sobre operações financeiras (IOF). Analistas, porém, dizem que o Congresso dará motivo para o Planalto relançar a campanha acusada de "nós contra eles", com prejuízo do Legislativo, o Poder mais mal visto pela sociedade, de acordo com pesquisas recentes. Além de dar discurso para o presidente Lula culpar as elites pelos entraves à reforma do IR, se apropriando do sentimento antissistema.

🟠 Cadê o dinheiro?
Entre renúncias fiscais para beneficiar grandes empresas, emendas para congressistas e pautas-bomba, o governo Lula precisa enviar o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2026 ao Congresso até domingo, correndo para tentar fechar as contas em um ano de meta mais ambiciosa de resultado primário.

⬆️ Agenda da semana
O Senado pretende votar nesta semana o projeto que endurece regras de proteção a crianças e adolescentes na internet, mas o caminho para ampliar a regulação das plataformas digitais terá forte resistência do Centrão, conforme relatos na imprensa Já na chamada CPI do INSS, a convocação de ex-presidentes ainda não é a prioridade, tendo foco inicial em técnicos e servidores de órgãos de controle, segundo o presidente do colegiado, senador Carlos Viana.