Por: Ruth Vieira
| A Capital da Amazônia é o palco perfeito para a COP30. É o plano A, B e o abecedalho completo. Por quê? À exceção do povo do umbigo no Sul e Sudeste e da narrativa da mídia dominante, não há outra cidade na Amazônia que tenha capilaridade, conexão e condições para atender um contingente razoável de autoridades e assessores. Belém não é só uma cidade. É história viva, é resistência, é cultura pulsante. E agora, será o centro das atenções globais ao sediar a COP30, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas. Vamos deixar claro: é o lugar legítimo para esse debate no coração da Amazônia. |
Antes de começar a prosa, é preciso informar aos detratantes que Belém tem uma história de Revolução e Rebeldia que orgulha toda a população. Não baixamos a cabeça e, se tem algo peculiar nesta cobrança abusiva (não defendendo) é o fato que somos de um lugar que sempre deu muito e recebeu pouco. Os paraenses ainda não acolheram o evento como algo de pertencimento. Ainda não aconteceu esta sinergia. Vai ver que para a maioria, é mais daquelas situações que o “intruso” chega, se locupleta do que temos e vai embora. Precisa ter uma campanha para envolver a população. Cadê?
Mas, voltando ao tema, você sabia que Belém foi palco da maior revolta popular da história do Brasil? A Cabanagem (1835–1840) colocou o povo no poder: indígenas, negros, caboclos e camponeses tomaram a cidade e governaram. Foi uma resposta à exclusão e à opressão. E antes disso, os povos indígenas da região já resistiam bravamente à escravidão. Etnias como os Munduruku e os Kayapó nunca se curvaram. A rebeldia está no DNA da nossa gente Amazônica.
Toda riqueza que vem da terra não fica na região. Não é à toa que somos desconfiados. Manaus e Belém viveram sua era de ouro no ciclo da borracha, no final do século XIX. As cidades se modernizaram. Belém construiu palacetes, teatros e boulevards inspirados na Europa. E não parou por aí. Hoje, o Pará exporta para o mundo minérios de ferro e bauxita, cacau de alta qualidade, energia elétrica para o Sudeste, açaí e frutas tropicais para o Brasil e o exterior, além de várias outras produções.
No turismo, temos a junção dos ícones mais fantásticos do país: a fé e a natureza. Belém é porta de entrada para a floresta amazônica. Tem manguezais, igarapés, ilhas fluviais e uma biodiversidade única. E em outubro, acontece o Círio de Nazaré — maior manifestação religiosa do Norte — que atrai cerca de 89 mil turistas todos os anos. É um espetáculo de fé, cultura e emoção que injeta mais de R$ 189 milhões na economia local. Quer turismo? Venha em julho para as praias de água doce e salgada. Ou estique a viagem para conhecer outras capitais amazônicas como Manaus, Macapá, Rio Branco, Boa Vista, Porto Velho e até São Luís e Palmas.
Então vejamos a capital da Amazônia, Belém e seu estado, Pará, em números: população de Belém: cerca de 1,5 milhão; população do Pará: mais de 8,5 milhões. Tamanho de Belém: maior que países como Malta (e ainda vem incluindo 29 belas ilhas) e tamanho do Pará: equivalente à África do Sul e três vezes o da Itália. Tá bom?
A POLÊMICA DOS PREÇOS: PRECONCEITO DISFARÇADO
A narrativa de que Belém está cobrando caro pela hospedagem durante a COP30 é, na verdade, um reflexo de preconceito regional. Muitos queriam que o evento fosse no “Sul maravilha”, ignorando que a Amazônia é o palco natural para discutir clima, biodiversidade e economia sustentável.
Em eventos anteriores, como a Copa do Mundo no Brasil (2014) e o Rock in Rio, cidades como Rio de Janeiro e São Paulo também elevaram seus preços. O mesmo ocorreu em Glasgow (COP26) e Sharm El-Sheikh (COP27), no Egito. Belém não é exceção. É legítimo que o setor hoteleiro ajuste seus preços, desde que haja fiscalização para evitar abusos. Mas querer deslegitimar Belém como sede é um discurso colonialista e opressor. As autoridades municipal, estadual e federal que lutem para organizar isso!
COP30: NÃO É TURISMO. É COMPROMISSO.
A COP30 não é um festival. É um evento oficial, com chefes de Estado, representantes da ONU, ONGs e cientistas. O objetivo? Discutir projetos e pactuar compromissos para preservar a maior floresta tropical do mundo. E Belém é a escolha certa! E foi o presidente Lula que indicou! Teve Copa e vai ter COP! E em Belém. Porque Belém é linda, alegre, musical, gastronômica e culturalmente rica. Tem acesso terrestre, marítimo e aéreo. E está pronta para receber o mundo com calor humano e acolhimento.
Quer discutir a Amazônia no Sudeste? No Nordeste? Impossível! A Amazônia se vive. E é Belém a sua capital simbólica. Como dizem as músicas símbolo que estão na boca de qualquer paraense raiz: (...) “não queremos nossos jacarés tropeçando em vocês” (Mosaico de Ravena), “Esse rio é minha rua, minha e tua mururé, piso no peito da lua, deito no chão da maré” (Paulo André e Rui Barata).
Belém é raiz, é revolução, é floresta. É COP30!