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Resumo Semanal

O balanço político da semana destaca a resiliência da recuperação da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo pesquisas desta semana, como a Quaest. Há apoio social à defesa da soberania nacional, ainda que por margem pequena. Mas também sinais de revés eleitoral do lulismo em estados-chave para 2026. 

No cenário internacional, os Estados Unidos fizeram demonstrações militares hostis à América Latina e escalaram atritos com o Brasil, além dos que, provocados pela Casa Branca e seus aliados domésticos, envolveram o Judiciário e a Faria Lima em torno das sanções americanas. As investigações contra a família Bolsonaro fragilizam o clã , mas alimentam a polarização e a pressão de Washington com narrativa de perseguição. 

No Congresso, avanço relevante com a aprovação da urgência da isenção do Imposto de Renda e da proposta contra a "adultização" de menores, mas a derrota na CPMI do INSS expôs novamente a inviabilidade do atual parlamentarismo informal, baseado na tomada do orçamento federal pelo Parlamento. 

Um outro eixo positivo vem da presença de Lula na Cúpula Amazônica, que projeta o Brasil como alternativa global de modelo civilizatório. O saldo da semana é de pressão ampliada. O governo Lula sustenta vitórias, mas enfrenta riscos crescentes. 

(Esquerda Diário)

Abaixo, a legenda para avaliação de risco político:

⬆️ Positivo para o governo Lula

⬇️ Negativo para o governo Lula

🟠 Neutro/Atenção

⬆️ A hora da Amazônia
Reforçando sua liderança regional e ambiental, o presidente Lula participa em Bogotá da 5ª Cúpula dos Estados Partes do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), com presença da Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. A expectativa é a assinatura da Declaração de Bogotá, que consolida compromissos da Declaração de Belém (2023) e prepara a região para a COP 30, na capital paraense. Lula desafiou o presidente americano, Donald Trump, a comparecer à COP30, que será realizada no Brasil, criticando a falta de compromisso ambiental de nações ricas.

⬇️ Tensão com os EUA
O envio de navios de guerra americanos para a costa da Venezuela sob o pretexto de combater o narcotráfico é visto pelo governo Lula como tentativa de intimidação de Trump, sinalizando disposição para uso da força contra países latino-americanos, incluindo o Brasil. Aumenta a pressão externa e o atrito diplomático, que analistas internacionais já classificam como geopolítico.

⬆️ Justiça tributária
A Câmara dos Deputados aprovou urgência para elevar a isenção do Imposto de Renda a R$ 5 mil, pauta prioritária do governo Lula, com apoio inclusive da oposição. A articulação ocorreu após derrota na CPMI do INSS. O episódio mostra recuperação de iniciativa política com suporte do presidente da Casa, deputado Hugo Motta, do Centrão.

⬇️ Revés 1
A oposição conseguiu se articular e garantir posições relevantes, como a presidência e a relatoria, na CPMI do INSS, gerando riscos de desgastes agendados politicamente contra o Palácio do Planalto, em favor de uma candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ou de uma anistia aos réus de 8 de Janeiro. A derrota expôs novamente a dificuldade de uma base aliada coesa, mas no contexto do controle de um montante considerado disfuncional de emendas parlamentares pelo Congresso, o que obrigou uma nova rodada de negociação direta entre o chefe do Poder Executivo e os chefes do Legislativo. 

⬇️ Revés 2
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, o "terrivelmente evangélico" André Mendonça, pediu vistas do acordo entre o governo Lula e a Corte para a devolução dos descontos indevidos de aposentados e pensionistas.

🟠 Tic-tac
A defesa de Bolsonaro deve justificar descumprimento de medidas cautelares no STF, após relatório da Polícia Federal (PF) mostrar envio de 300 vídeos por aplicativo de mensagem, o que configurou violação das restrições judicialmente impostas ao ex-presidente, aumentando chance de sua prisão preventiva. Caso gera tensão institucional, pressão americana e mobiliza a base bolsonarista em discurso de perseguição, enquanto investidores avaliam uma escalada do Brasil com os EUA no tarifaço comercial e sanções, por ora, contra autoridades do Judiciário e do Executivo.

🟠 Tenebrosas transações
Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) da PF identificaram transações de R$ 4,16 milhões do deputado Eduardo Bolsonaro, acusado de conspirar com os EUA por tarifas e sanções em favor da anistia de seu pai, e R$ 44,3 milhões de Jair Bolsonaro entre 2023 e 2025. Apesar de fragilizar a imagem do clã, aliados devem manter a tensão ativa e o desfecho político incerto.

⬇️ O Império contra Alexandre de Moraes
Bloqueio de cartão internacional de Moraes, do STF, devido à Lei Magnitsky, expôs vulnerabilidade do sistema financeiro nacional às sanções externas. A reação da embaixada americana, acusando o magistrado de “abuso de poder”, elevou o conflito entre Judiciário e Washington, com repercussões para o governo Lula. Moraes, no entanto, dobra a aposta na autodefesa democrática.

⬆️ A democracia contra o Império
Em evento na Bahia nesta sexta-feira, o ministro do STF, Flávio Dino, afirmou que a Corte não deve se curvar a pressões externas e que suas decisões buscam resguardar a soberania nacional. Segundo ele, a recente determinação que impede a aplicação de legislações internacionais sem tramitação no Brasil visa harmonizar situações contenciosas e evitar conflitos futuros. Dino destacou ainda que um país que valoriza a Constituição não pode aceitar medidas de força contra seus cidadãos e empresas.

🟠 Ataques de Silas Malafaia
Após operação da PF, o pastor e conselheiro fiel de Bolsonaro, Silas Malafaia, voltou a ameaçar Moraes em culto no Rio de Janeiro. O episódio reforça radicalização da base bolsonarista, pode mobilizar os evangélicos contra o STF e o governo Lula, além de ampliar riscos de confronto institucional.

⬇️ Bolsonarismo vs. lulismo
Segundo pesquisa Quaest, o cenário das eleições estaduais de 2026 já apresenta tendências claras em alguns estados, com o bolsonarismo liderando em duas unidades federativas decisivas (SP e MG), enquanto o lulismo leva a dianteira em 1 (RJ). Apostas como o senador Rodrigo Pacheco ao governo mineiro, e do vice-presidente Geraldo Alckmin ao governo paulista patinam. Já a direita surpreende com Cleitinho, também em MG.

⬇️ Disputas estaduais
Em SP, Tarcísio de Freitas lidera com 43%, seguido por Alckmin, com 21%, e Erika Hilton, com 8%. No RJ, Eduardo Paes aparece na frente com 35%, enquanto Rodrigo Bacellar tem 9% e Washington Quaquá, 5%. No PR, Sergio Moro soma 38%, contra 8% de Paulo Martins e 7% de Enio Verri. Em MG, Cleitinho lidera com 28%, seguido por Alexandre Kalil, com 16%, e Pacheco, com 9%. Já em PE, João Campos desponta com larga vantagem, marcando 55% das intenções de voto, contra 24% da atual governadora Raquel Lyra.

🟠 Exigências de PutinEm reunião com Trump, seu homólogo russo, Vladimir Putin, exigiu entrega do Donbass, neutralidade da Ucrânia e limites ao exército ucraniano. O desfecho pode legitimar a relativização do território como base da soberania nacional e alterar a correlação internacional de forças em sentido mais favorável a Putin, o que fortalece por tabela os BRICS. Mas os impactos sobre o Brasil ainda são indiretos, como, por exemplo, o papel da Rússia e China na retaguarda brasileira ante a hostilidade da Casa Branca.

⬇️ Mudanças Climáticas e Trabalho
Relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM) aponta que 20% dos trabalhadores estão em risco por calor extremo. Pressiona governos, incluindo o Brasil, a agir em políticas de adaptação.