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Lula vence no Congresso; dólar cai e Ibovespa rompe recorde

O colégio de líderes da Câmara dos Deputados, por falta de acordo, rejeitou pautar nesta semana o projeto de anistia aos réus de 8 de janeiro e o chamado “pacote de blindagem” de parlamentares contra investigações do Supremo Tribunal Federal (STF), que inclui o fim do foro privilegiado. A decisão vista como vitória da articulação política do governo Lula, ministra Gleisi Hoffmann à frente. |

A reunião, conduzida pelo presidente Hugo Motta, ocorreu nesta terça-feira. Em possível retaliação, foi adiada para setembro ou dezembro a votação da proposta que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para rendas até R$ 5 mil, segundo o relator Arthur Lira. O deputado admitiu que não identificou um “clima político” favorável. Ecoando o chamado "andar de cima", falou que há divergências sobre a compensação fiscal da medida, especialmente a tributação de dividendos no exterior.


(Cristiano Mariz)

O líder do PL, Sóstenes Cavalcante, relatou que a anistia será analisada apenas após a votação do fim do foro privilegiado, deixando o tema para depois das medidas de proteção a crianças e adolescentes nas redes sociais — prioridade da semana, impulsionada pela mobilização do influenciador “Felca”. Para isso, será criado um grupo de trabalho até 20 de agosto.

Integrantes do Centrão avaliam que o recuo reduz tensões após a obstrução bolsonarista, dá tempo para negociações amadurecerem e permite acompanhar o impacto do tarifaço e das sanções americanas até o próximo colégio de líderes, marcado para 21 de agosto.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou Jair Bolsonaro a deixar a prisão domiciliar no sábado para exames médicos em Brasília. Mesmo assim, o relatório “2024 Country Reports on Human Rights Practices: Brazil”, do Departamento de Estado dos EUA, acusou Moraes de “censura” e apontou deterioração da situação de direitos humanos no país, o que pode ampliar tensões bilaterais.

Em resposta, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o Brasil tem motivos para impor tarifas a produtos americanos, diante do saldo comercial desfavorável, e anunciou para quarta-feira o plano de apoio a exportadores brasileiros.

No mercado, o dólar voltou a operar abaixo de R$ 5,40 pela primeira vez desde setembro de 2024, e o Ibovespa superou os 138 mil pontos, no maior nível desde maio. A inflação mais fraca no Brasil e nos EUA reacendeu apostas de cortes de juros nas duas economias, antecipando expectativas de corte da Selic em dezembro de 2025 ou janeiro de 2026.

Mantendo o tom da campanha de justiça social, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que a proposta para corrigir a derrubada do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) é “essencial para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçando que as metas estão sendo atingidas sem penalizar a população de baixa renda. A fala aconteceu na comissão mista que analisa a Medida Provisória 1.303/2025.

Em síntese, a Câmara retirou hoje dois bodes da sala, mas os sinais são de que eles voltarão à pauta mais cedo do que se imagina. Em Brasília, a política nunca dorme. E se dormir, o voto (ou o golpe) leva.