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Blitzkrieg comercial, Stalingrado tropical

Olá, tudo bem? Esta é nossa seleção das principais notícias do País, com avaliação de risco ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta quarta-feira, entra em vigor o tarifaço de 50% dos Estados Unidos contra o Brasil, abrangendo 55% das exportações. Confira: 

🔻 "Blitzkrieg" comercial
O tarifaço pode reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) em R$25,8 bilhões no curto prazo, com a eliminação de 146,6 mil empregos e uma queda de R$2,74 bilhões na renda familiar. A médio e longo prazo, o impacto estimado sobe para R$110,4 bilhões de perda no PIB, com 618 mil empregos ameaçados e contração de R$1,5 bilhões na renda das famílias. Os dados são da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). O Brasil terá a sobretaxa mais alta entre 69 países afetados, enquanto o presidente Lula é o único, entre 35 líderes, que não puderam negociar com o presidente americano Donald Trump.


(Johana Restrepo)

🟡 Credibilidade, previsibilidade, estabildade
O presidente Lula confirmou à Reuters que o Brasil não retaliará os EUA pelo tarifaço, dizendo que não adotará a mesma lógica de confronto de Trump, mas seguirá apostando na via diplomática. A sinalização agradou o mercado: o Ibovespa subiu mais de 1%, o dólar caiu e os juros futuros recuaram em todos os vencimentos. Lula reiterou que não se humilhará para o americano e que discutirá as tarifas com os BRICS. Também defendeu que o ex-presidente Jair Bolsonaro deve ser indiciado por incitação a sanções dos EUA contra o Brasil

🔺 Primeiro, os mais vulneráveis
Em reunião com governadores do Nordeste, o presidente Lula prometeu comprar excedentes de produtos que perderem competitividade no exterior, com prioridade aos pequenos produtores dos setores agrícola e pesqueiro. O plano deve incluir alongamento do pagamento de dívidas, crédito facilitado e ações para preservar empregos, com foco nos que ficaram de fora das 700 exceções.

🔻 Atravessando a rua 1
A ausência de uma via diplomática eficaz para conter o tarifaço dos EUA contra o Brasil preocupa o empresariado nacional, sendo perigosa a percepção de que o impacto foi brando devido às exceções anunciadas. A avaliação é de Roberto Azevêdo, ex-diretor da Organização Mundial do Comércio (OMC), que mantém interlocução constante com agentes econômicos brasileiros. 

🔻 Atravessando a rua 2
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, lamentou a prisão domiciliar de Bolsonaro, que simboliza o agravamento da crise causada pelos "extremos", segundo ele. Isso pode abrir caminho para uma reacomodação em torno da pauta da anistia aos réus de 8 de Janeiro, ressaltaram especialistas.

🟡 Realismo
Se o projeto de anistia chegar ao plenário, a tendência é que seja aprovado, mesmo diante da possibilidade de ser considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na avaliação de articuladores políticos. A proposta de anistia não conta com apoio suficiente no colégio de líderes da Câmara e do Senado para ser pautada, segundo aliados de Hugo Motta e Davi Alcolumbre, presidentes das respectivas Casas.

🟡 Frente ampla à direita
O PP (ou Progressistas) deixará o Ministério do Esporte até o dia 19 deste mês, quando oficializará a federação com o União Brasil, e trabalhará para que a legenda aliada também entregue suas pastas no governo Lula. PP e União Brasil devem se somar à obstrução dos trabalhos do Congresso em apoio a Bolsonaro, conforme o senador Ciro Nogueira.

🟡 Clandestino
Deputados bolsonaristas ocuparam o auditório Nereu Ramos nesta quarta (6), alegando que o presidente da Câmara, Hugo Motta, usaria o local para driblar a obstrução no plenário. Segundo o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, o bolsonarismo entrou em nova fase golpista ao intimidar o Congresso: o deputado Eduardo Bolsonaro sugeriu que, sem anistia ou impeachment de Alexandre de Moraes, do STF, os presidentes da Câmara e do Senado poderão ser alvo de sanções dos EUA.

🔻 "Wehrmacht" comercial
Trump voltou a ameaçar com tarifas elevadas — possivelmente superiores a 100% — países que mantêm relações comerciais com a Rússia, especialmente nas áreas de petróleo, combustíveis e fertilizantes, ampliando o cerco geopolítico e comercial.

🔻 Doutrina Monroe
O silêncio da comunidade internacional, como das Nações Unidas e da Organização dos Estados Americanos (OEA), diante do aumento de tarifas e sanções ao STF -- ferramentas econômicas usadas por Trump para atacar a soberania brasileira -- foi um dos aspectos mais chocantes da crise entre EUA e Brasil. A avaliação é de Christopher Sabatini, pesquisador sênior da Chatham House, um dos principais think tank britânicos. Segundo ele, os EUA conseguem bloquear a interferência do Hemisfério Ocidental na América do Sul e no Brasil, mantendo sua hegemonia.

🙌🏻 Boa quarta-feira!